A Revolução é o Freio de Emergência: Ensaios Sobre Walter Benjamin By Michael Löwy

A Revolução é o Freio de Emergência: Ensaios Sobre Walter Benjamin

REVIEW A Revolução é o Freio de Emergência: Ensaios Sobre Walter Benjamin

A

O trabalho do Lowy de digerir o Walter Benjamin e mapear suas influências (e as influências das influências) é muito bem feito em cada artigo presente nesse livro. Como um jovem estudante de Benjamin, sempre fiquei muito confuso com os períodos do seu pensamento e como eles se situavam com o todo de sua obra, além dos diálogos com autores prévios e contemporâneos a ele que ficam subentendidos nos textos. Lowy disseca tudo, sabe situar muito bem como cada peça do pensamento benjaminiano se move e de onde ela vem, e isso é de grande ajuda para entender como funciona o sistema (nesse caso, mais uma constelação) filosófico desse autor tão importante do pensamento alemão.

Ainda assim, senti falta de um desenvolvimento mais genuíno que tirasse algo de mais aprofundado dos textos. Lowy trabalha muito a questão da história, mas parece deixar de lado o aspecto da experiência (o que me deixa um pouco chateado, justamente por ser essa a minha área de maior interesse). O livro fica um pouco repetitivo já que é uma coletânea de artigos reunidos, não inéditos e espalhados por um longo período da produção acadêmica do próprio Lowy. A edição também deixa a desejar, erros frequentes de edição e revisão com palavras escritas errado e pontuação faltando.

Mas é um livro bom para quem quer estudar Benjamin. Com certeza voltarei em alguns artigos alguma hora ou outra pra continuar a pesquisa. A Revolução é o Freio de Emergência: Ensaios Sobre Walter Benjamin Michael Löwy é um estudioso de Walter Benjamin há pelo menos 40 anos, um filósofo alemão marxista menos progressista. Neste livro Löwy traz o seu ponto de vista sobre os ensaios de Benjamin, que versam sobre materialismo histórico, capitalismo e religião, teologia, anarquismo, antifascismo e revolução. Benjamin foi o primeiro a criticar o conceito de progresso insustentável do socialismo marxista e foi um crítico radical do conceito de “exploração da natureza” e de sua relação criminosa com o capitalismo. Para ele, “o trem da civilização capitalista” precisa ser freado antes de cair no abismo da “catástrofe ecológica”. “Se um dia a sociedade, sob o efeito da desgraça e da avidez, estiver desnaturada a ponto de somente receber os dons da natureza pelo roubo [...] seu solo empobrecerá e a terra trará más colheitas”. Segundo ele, esse freio deve vir dos povos tradicionais Latino-Americanos em forma de revolução, pois foram os que sofreram as mazelas do imperialismo e que sofrerão as maiores tragédias das mudanças climáticas. “A revolução não é o coroamento da evolução histórica - o 'progresso' - mas a interrupção radical da continuidade histórica da dominação”.
Outro ensaio interessante versa sobre o capitalismo como religião, cujo deus máximo é o dinheiro. “Graças à sacralização do mercado não é possível pensar a libertação em relação a este sistema e uma alternativa. Fechamos todas as portas para a transcendência, tanto em termos históricos (um outro modelo além do capitalismo), quanto em termos de transcendência absoluta (não há Deus além do Mercado)”. Neste caso, o papel-moeda é uma manifestação de uma divindade no sistema cultural capitalista, sendo o dinheiro o próprio “Deus da Avareza”. “O dinheiro é artificial e é vivo, o dinheiro produz dinheiro e mais dinheiro, o dinheiro tem toda a potência do mundo [...] Ele (o dinheiro) não cria riqueza, ele é a riqueza; ele é a riqueza em si. Não há outro rico senão o dinheiro em si.” A Revolução é o Freio de Emergência: Ensaios Sobre Walter Benjamin